Emily Dickinson: Surgeons must be very careful…

Tempo de leitura: menos de 1 minuto

Emily Dickinson

Surgeons must be very careful
When they take the knife!
bisturi
Underneath their fine incisions
Stirs the Culprit – Life!

Tem cuidado, cirurgião
Ao tomar o bisturi!
Sob a tua fina incisão
Se agita a Culpada – a Vida!

Cf. Emily Dickinson: My River runs to thee

Comentários de Tradução

Uma pequena quadra com um insight fulminante, uma imagem vivíssima que salta da página, totalmente inesperada. Veja uma tradução alternativa nas Versões Livres, abaixo.

O imperativo “Tem cuidado, cirurgião”, dirigindo-se diretamente a um cirurgião, no singular, inicia o poema de forma mais vigorosa e envolvente para o leitor do que uma tradução literal como “Os cirurgiões devem ter cuidado…”

Versão livre

Tem cuidado, cirurgião
Ao tomar o bisturi!
Sob a tua fina incisão
– Sutilíssima ferida –
Se a agita a Culpada – a Vida!

Um pouco de audácia, ou Traição criativa

Sentindo falta de uma rima para o final “Vida”, que fosse forte e interessante como a rima knife-life, pensei em incluir este verso extra: – Sutilíssima ferida –.

Liberdade que resultou, sem dúvida, em um poema mais belo em português e com muito mais impacto do que a tradução fiel de quatro versos, onde não consegui rimar.

Lembrando o famoso aforismo: “Les traductions sont comme les femmes: quand elles sont fidèles, elles ne sont pas belles, et quand elles sont belles, elles ne sont pas fidèles”. Máxima que nem sempre se aplica; mas, neste caso, é o que acontece.

Será que Emily iria gostar? Creio que sim.

CfTextos Mastigados
Cf. A importância do contexto
Cf. Tradução Simultânea, Oscar e Porta dos Fundos

Referência: “Loucas Noites / Wild Nights – 55 Poemas de Emily Dickinson“, Tradução e Comentários de Isa Mara Lando, Disal Editora, 2010. Leia a resenha.

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Alex Antunes
Alex Antunes
10 anos atrás

Oi, Ulisses! Eu é que agradeço a oportunidade de comentar em seu site. Fico contente com o seu aval às minhas observações. Um abraço!

Alex Antunes
Alex Antunes
10 anos atrás

Interessante esse artigo. Aborda a questão da tradução de poemas. Infelizmente a grande maioria das pessoas têm uma concepção, não sei se posso dizer dessa forma, matemática de tradução, quero dizer, a tradução seria uma espécie de transposição matemática, onde um termo em uma língua teria o seu correspondente exato na outra através da tradução. Acontece que em se tratanto da línguas isso não é possível, pois a linguagem no geral não é uma linguagem matemática e envolve muitos outros elementos, tais como sentimentos, emoções, etc.
Uma vez, quando estava na Faculdade, li uma introdução de Fernando Pessoa sobre tradução e ele dizia que a tradução é antes de tudo uma interpretação. Infelizmente não anotei as referências do texto, mas confesso que foi um dos textos mais interessantes que li sobre o assunto. Se alguém tiver conhecimento desse texto de Fernando Pessoa, gostaria muito de saber onde encontrá-lo na web.
Enfin, gostei da tradução do poema da Emily Dickson!